O acúmulo de plástico em rios e mares que banham o Brasil tem causado cada vez mais impactos ao meio ambiente e aos animais marinhos. A mortalidade de tartarugas, por exemplo, vem sendo apontada como uma causa direta pela ingestão de plásticos nos mares.
Uma pesquisa de doutorado do biólogo Robson Guimarães dos Santos, feita na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), avaliou 255 tartarugas-verdes encontradas mortas e encalhadas ao longo da costa brasileira de 2009 a 2013, e descobriu que em média 70% delas tinham ingerido plástico.
O professor conta que uma tartaruga-verde juvenil só precisa ingerir meio grama de plástico para morrer. Elas ingerem o plástico ao confundi-lo com alimento, o material obstrui o trato gastrointestinal o que impede a tartaruga de comer e realizar outras funções fisiológicas essenciais. O resultado é a morte do animal.
O problema da poluição de plástico nos mares não é somente do Brasil. Um estudo feito pela Associação de Educação Marinha, dos Estados Unidos, e publicado em 2015 avaliou dados de 2010 referentes a 192 países que possuem costa nos oceanos. A conclusão do estudo mostrou que a falta de gestão adequada do lixo fez com que 8 milhões de toneladas de plástico fossem jogados na água salgada.
Mas se engana quem pensa que só as tartarugas se alimentam do plástico que é jogado fora de maneira inadequada. Como o homem faz parte da cadeia alimentar, o plástico que contamina a água e afeta a biodiversidade marinha chega também à nossa alimentação.
Em um relatório divulgado neste ano, a organização não governamental WWF (Fundo Mundial para a Natureza), afirma que a contaminação de macro, micro e nanoplásticos já atinge os solos, águas doces e oceanos. “A cada ano, seres humanos ingerem cada vez mais nanoplástico a partir de seus alimentos e da água potável, e seus efeitos totais ainda são desconhecidos”, diz o documento.
Para tentar mitigar o problema, o Ministério do Meio Ambiente lançou em março deste ano o Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar. A agenda do programa também abrange cinco outros temas: resíduos sólidos, recuperação de áreas verdes, qualidade do ar, saneamento e qualidade das águas e áreas contaminadas.
Fonte: G1 Globo