A Polícia Civil abriu inquérito policial, nesta segunda-feira (11), para levantar as causas do incêndio e identificação dos corpos, encontrados no assentamento Terra e Liberdade, do MST, após o acampamento ser consumido pelo fogo na noite do último sábado (9). O caso é investigado pala 20ª Seccional de Parauapebas. Uma perícia já foi realizada no local.
Segundo o delegado que está à frente das investigações, João Abel, dos noves corpos encaminhados para perícia, apenas um ainda não foi reconhecido. Os restos mortais serão submetidos ao exame de DNA. As autoridades aguardam o comparecimento dos familiares para a realização do exame.
“A Polícia Civil abriu inquérito policial para apurar as causas e circunstâncias do fato. Neste aspecto é importante aguardar o laudo da perícia que já foi realizado no local. Paralelamente a isso, estávamos fazendo o reconhecimento dos corpos, porque a carbonização dificulta a identificação por meio da digital, mas, felizmente dos nove corpos, oito já foram identificados e apenas um não será possível ser identificado pelo processo datiloscópico. Vai ser necessário a retirada do DNA para haver um confronto com um parente próximo, de preferencialmente pai ou mãe, mas um perito de Belém já está a caminho da nossa cidade para poder fazer esse exame”, disse o delegado.
A polícia civil investiga ainda a presença dos funcionários que estavam no local realizando a instalação da rede de Internet na comunidade fora de horário apropriado. O delegado João Abel esclareceu que a empresa será intimada a depor, mas em conversa com o proprietário do provedor de internet, o mesmo havia adiantado em conversa preliminar com a polícia, que os funcionários foram orientados a suspender os serviços.
“Sobre o fato em si, foi instaurado um procedimento para serem apuradas as causas, então não há como a gente adiantar muito sobre isso antes do laudo dos peritos. Mas, em princípio, foi uma fatalidade, infelizmente. Os funcionários de uma empresa estavam prestando o serviço de colocação da internet no local. Tudo indica que houve o contato com a rede de primeira tensão, que desencadeou a eletrocussão que foi a causa da morte dessas nove pessoas. Mas, somente após a conclusão do inquérito e com o laudo dos peritos é que poderemos afirmar qual foi a causa do acidente: se realmente foi uma fatalidade ou se houve algum crime; se ele foi culposo ou doloso, mas, a princípio foi uma fatalidade.”
Vítimas
No total, nove pessoas morreram, entre elas os funcionários da empresa de internet. Outros nove feridos foram conduzidos para o hospital com queimaduras leves, porém, um já chegou sem vida na unidade hospitalar. Dos 8 feridos atendidos, sete foram liberados e apenas uma vítima segue internada, com quadro estável, por conta de queimaduras de 2° grau.
Segue os nomes de algumas das vítimas:
- Franscisco Ferreira de 47 anos;
- Juvenilson Aragão Trindade, 32 anos
- Fernanda Souza de Almeida, 33 anos;
- Francisco de Assis Pereira Rodrigues, 42 anos; a esposa de Francisco também recebeu a descarga elétrica, mas foi socorrida.
- Geovane Pereira dos Santos, 23 anos (funcionário do provedor)
- Gabriel Pereira da Silva Matos, 25 anos (funcionário do provedor)
- Francisco do Nascimento Sousa Junior (funcionário do provedor)
Os corpos estão sendo liberados para as funerárias, veladas no acampamento e em seguida sepultadas no Cemitério Jardim da Saudade II em Parauapeas. Apenas os corpos dos funcionários do provedor de internet foram transferidos para serem sepultados na cidade de Eldorado dos Carajás.
Um comitê de crise foi estabelecido no cemitério Jardim da Saudade para agilizar os processos de necropsia e sepultamento, contando com a colaboração da Polícia Científica e Polícia Civil.
O DMTT está coordenando o fluxo de trânsito na área afetada, e a guarda municipal de Parauapebas está presente para garantir a segurança no local.