Fruto típico do Pará e consumido em todo o país, o açaí é apreciado pelo seu sabor e sua versatilidade para ser consumido de diferentes formas. Pesquisadores da Universidade do Estado do Pará (Uepa) acabam de descobrir que o açaí também pode ser fonte de produção de energia, biojoias e até produtos farmacêuticos. Todos são exemplos de bioprodutos criados a partir de resíduos do açaí.
A pesquisa, coordenada pelos professores do curso de Tecnologia de Alimentos da Uepa, Diego Aires (Belém) e Rodrigo Nobre (Paragominas) é feita em parceria com o projeto Liberal Mobiliza, do grupo Liberal, com o apoio do Guamá Tratamento de Resíduos.
De acordo com os dois docentes que pesquisam o fruto, o caroço, que é um resíduo proveniente da despolpa do fruto, rico em carbono e açúcares, pode ser uma fonte adequada na queima direta para produção de energia ou produtos de maior valor agregado.
Infelizmente, um dos problemas que os pesquisadores encontram e na forma do descarte dos resíduos do açaí. “A ráquila ou cacho, que é a parte de onde se debulha o fruto, juntamente com a borra que fica nas batedeiras do açaí, são descartados. Esses resíduos nem chegam perto do que representa o caroço em termos de quantidade gerada. No processo, 15% correspondem à polpa, os outros 85% são o caroço’”, explica o pesquisador Diego Aires.
DESAFIOS
Sobre o velho problema da eliminação irregular dos caroços, o pesquisador Diego Aires afirma que “o descarte necessita de uma fiscalização mais efetiva e maior cobrança por parte dos órgãos competentes, pois isso iria inibir o descarte indiscriminado desse resíduo”.
“Dessa forma, as pessoas iriam ter um outro olhar para esse problema e isso poderia incentivar empreendimentos de reaproveitamento, o que seria um ganho para todos, pois haveria geração de renda para muita gente. Daí a importância das universidades e instituições de pesquisa, que já vêm demonstrando, há muito tempo, muitas oportunidades quando se fala em resíduo do açaí”, pontua Diego.
No Pará, na maioria das cidades, a coleta dos resíduos do açaí é feita pelas prefeituras. Em Belém, há iniciativas como a coleta feita em bags (bolsas) por caminhões que vendem os resíduos para indústrias usarem como combustível em caldeiras. Além disso, algumas empresas destinam o caroço para comunidades que produzem adubo.
ESTUDOS
Os estudos sobre o reaproveitamento são diversos. O professor Diego Aires explica que “as pesquisas sugerem a queima em caldeiras industriais para geração de energia, utilização para artesanato, produção de móveis, uso da fibra para a produção de MDF, produção de carvão ativado que pode ser base para filtros de água, utilização em compostagem, entre outros”.
Há pesquisas, diz o professor, que apontam o uso do extrato do caroço com ação antitumoral, assim como para produção de etanol de 2ª geração, ou tratamentos com ácidos que possam originar produtos interessantes para a indústria química, farmacêutica ou de alimentos.
“Contudo, a maior parte desses estudos fica no campo das pesquisas e ainda não se vê esses produtos produzidos ou pelo menos um interesse de investimentos nessa área”, lamenta Diego.
Fonte: Oliberal