Pará enfrenta crise ambiental com queimadas e fumaça enquanto se prepara para a Conferência do Clima em 2025

Pará enfrenta crise ambiental com queimadas e fumaça enquanto se prepara para a Conferência do Clima em 2025

O estado do Pará está enfrentando uma grave crise ambiental em dezembro de 2024. As queimadas, impulsionadas principalmente pelo desmatamento ilegal, deixaram as cidades cobertas por fuligem e fumaça. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Pará lidera os focos de queimadas no Brasil este ano, com mais de 53 mil registros – o maior índice desde 1998.

A nuvem de fumaça originada pelos incêndios já cobre uma área de cerca de 2 milhões de km² e afeta a qualidade do ar, especialmente em cidades como Santarém, onde a prefeitura decretou estado de emergência. O município solicitou apoio do governo federal para intensificar o combate ao fogo, mas a resposta ainda é insuficiente, dado o tamanho das áreas atingidas.

Além do impacto ambiental, a crise tem graves consequências para a saúde pública. Nos hospitais, o número de atendimentos por doenças respiratórias aumentou 42,56% em relação ao mesmo período do ano passado, afetando principalmente crianças e idosos. “O céu está invisível e o cheiro de fumaça é constante. As pessoas estão adoecendo sem perspectivas de soluções imediatas”, afirma o médico Luiz Fernando Rocha, da rede pública de saúde.

A situação também coloca em evidência os desafios do Brasil no combate ao desmatamento e às queimadas, especialmente em um momento crítico para a imagem do país. Em 2025, Belém, capital do Pará, será sede da Conferência do Clima da ONU (COP 30), evento que reunirá lideranças globais para discutir ações contra as mudanças climáticas.

Esforços e limitações no combate ao fogo

O governo federal informou que, em 2024, mobilizou mais de 1.700 profissionais, 11 aeronaves e centenas de viaturas no combate aos incêndios florestais. Apesar disso, o fogo continua se espalhando, impulsionado pela maior estiagem em 75 anos, que atrasou o início do período de chuvas.

Segundo a pesquisadora Karla Longo, do Inpe, a maioria das queimadas na Amazônia é criminosa, associada à expansão da pecuária e da agricultura. “Não dá para esperar que a chuva resolva o problema. É preciso uma ação urgente dos governos para conter essa dinâmica”, alerta Longo.

Projeções e desafios para o futuro

O governo Lula estabeleceu a meta de zerar o desmatamento até 2030, mas a queda de 30,63% no ritmo de desmate registrada entre agosto de 2023 e julho de 2024 mostra que o caminho ainda é longo. Além disso, medidas como a sanção da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo e a liberação de recursos emergenciais precisam ser acompanhadas de ações mais eficazes e duradouras.

Enquanto isso, a fumaça gerada no Norte continua se espalhando pelo país, alcançando estados do Sul e Sudeste, como São Paulo e Minas Gerais, de forma menos densa, mas igualmente preocupante.

Com a proximidade da COP 30, o Brasil enfrenta o desafio de demonstrar comprometimento com a preservação ambiental enquanto tenta reverter os impactos de uma das maiores crises ambientais de sua história recente.

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