20 vereadores titulares da cidade de Uberlândia (MG) tiveram suas prisões decretadas pela Justiça. As prisões são o resultado de uma grande operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e serão executadas nesta segunda-feira (16). A Polícia Federal irá realizar uma série de operações deste tipo em todas as Câmaras Legislativas e prefeituras do Brasil.
Os vereadores de Uberlândia são suspeitos de estarem envolvidos em esquemas de corrupção relacionados ao desvio de recursos da verba indenizatória e de contratos de prestação de serviço na Câmara Municipal. As investigações do Gaeco que levaram ao decreto da prisão começaram desde a operação “O Poderoso Chefão”, que resultou na prisão dos vereadores Alexandre Nogueira (PSD), Juliano Modesto (suspenso do SD) e Wilson Pinheiro (PP), que permanecem afastados dos cargos.
Entre os vereadores que já tiveram sua prisão decretada na manhã desta segunda-feira, estão: Ceará (PSC), Doca Mastroiano (PL), Felipe Felps (PSB), Dra. Flavia Carvalho (PDT), Isac Cruz (Republicanos), Dra Jussara (PSB), Marcio Nobre (PSD), Pâmela Volp (PP), Paulo César-PC (SD), Ricardo Santos (PP), Rodi Borges (PL), Roger Dantas (Patriota), o ordenador de despesas Ronaldo Alves (PSC), Silésio Miranda (PT), Vico (Cidadania), o primeiro vice-presidente da Câmara Vilmar Resende (PSB) e o vice-líder do prefeito na Casa, Wender Marques (PP).
O presidente da Câmara, Hélio Ferraz-Baiano (PSDB), recebeu dois mandados de prisão preventiva. Ele é suspeito de desviar parte da verba do gabinete e de ter participado de um esquema de propina, onde uma empresa foi contratada para prestar serviço de vigilância ao poder Legislativo. Na apreensão do Gaeco em sua residência, foram encontrados mais de R$ 1 milhão em dinheiro e cheques durante cumprimento de mandado de busca e apreensão.
Juntos, Hélio Ferraz, Alexandre Nogueira, Juliano Modesto e os outros 17 vereadores de Uberlândia são investigados pela operação “Má Impressão”, que revela os indícios de um grande esquema de corrupção, onde parlamentares utilizavam notas falsificadas para receber ressarcimento da verba indenizatória.
Além dos vereadores, cerca de 17 proprietários de gráficas do município também são investigados por envolvimento no esquema. De acordo com o MPE, os gastos apurados com o reembolso da verba, só nos últimos três anos, foram superiores a R$ 4,3 milhões.
Mensalinho
O Gaeco também é responsável por realizar uma outra investigação, que aponta um esquema de suborno de membros de uma empresa de segurança e limpeza, a qual presta serviços na Câmara Municipal. Promotores de Justiça receberam denúncias de que funcionários fantasmas da empresa estariam recebendo salários do Legislativo, mesmo executando outras funções em empresas privadas de Uberlândia.
Através de uma delação premiada, o diretor da empresa apresentou provas de que uma espécie de “mensalinho” estava sendo realizado na Câmara, encabeçado por Alexandre Nogueira e Juliano, na gestão deles à frente da mesa diretora, e continuado por Baiano enquanto presidente da casa. De acordo com a investigação, o diretor administrativo, Samuel Soares, também é suspeito de estar envolvido no esquema de propina, onde ele mesmo teria pedido ao chefe de segurança da empresa que mentisse ao Gaeco sobre o número de vigilantes que trabalhavam no local.
Nogueira, Baiano, Juliano, Samuel e também o ex-controlador Adeilson Barbosa tiveram mandado de prisão preventiva expedido. Na operação Guardião, também foi decretada a prisão temporária do vereador Marcelo Cunha (suplente de Ismar Prado), da chefe de segurança da Casa e do ex-secretário Geral da Câmara, Aldo de Sousa Filho, que até o último mês assessorava Wilson Pinheiro.
Fonte: Diário de Uberlândia