Dois indígenas paraenses foram resgatados de condições análogas à escravidão no município de Porto Grande, na região central do Amapá. De acordo com a Polícia Civil, os dois primos indígenas, de 15 e 19 anos, eram obrigados a trabalhar por um pastor e sua esposa. Os dois acusados já estão indiciados pela Polícia e vão responder pelo crime.
Segundo o inquérito, os indígenas foram retirados de sua aldeia no interior do Pará, e levados pelo casal para o Amapá. As vítimas eram obrigadas a trabalhar, não tinham salário e eram impedidos de ter contato com outras pessoas.
“Em depoimento, os dois jovens disseram que esse pastor passou uma temporada na aldeia deles e os convenceu a vir para Porto Grande com a promessa de que poderiam estudar (…). Passavam fome, não podiam parar nem para ir ao banheiro, dormiam em condições precárias, enquanto o pastor e sua esposa se aproveitavam da situação”, detalhou o delegado Bruno Braz, da delegacia de Porto Grande.
O caso foi descoberto após o próprio pastor ir ao Conselho Tutelar pedir ajuda para que os jovens retornassem para casa, pois estavam com uma vizinha que descobriu a situação da escravidão e os abrigou.
“O Conselho Tutelar acionou a Funai [Fundação Nacional do Índio] que, com o apoio da Prefeitura de Porto Grande, encontrou os dois indígenas e os apresentou na delegacia e buscará devolver os jovens para sua aldeia, localizada às margens do Rio Curupi, no município de Paragominas, no estado do Pará”, detalha a Polícia Civil.
Segundo a corporação, o pastor e a esposa negaram as acusações e alegaram que passaram a ter afeto pelos indígenas e buscavam “dar uma vida melhor a eles”.
“As condições precárias eram no dia a dia, trabalho constante, sem folga, sem salário, na rua, monitoramento e vigilância, pouca alimentação. Cerca de 10 horas por dia”, completou o delegado.
Além da acusação pela condição de escravidão, o casal foi indiciado por subtração de incapazes, pois segundo a polícia, não tinham nenhum documento ou autorização para retirar os jovens da aldeia. O pastor e a esposa respondem em liberdade.
Fonte: G1 Pará