Os Correios ainda aguardam uma decisão judicial sobre a greve dos funcionários que já acontece desde o dia 17 de agosto. Nas últimas quatro semanas, a empresa já registrou mais de 187 milhões de cartas e encomendas entregues em todo o país.
A expectativa é que o julgamento da ação de dissídio coletivo seja anunciada na próxima segunda-feira (21). De acordo com uma nota divulgada pela estatal, as negociações acorrem desde julho deste ano. O objetivo é manter a saúde financeira da empresa, o que envolve corte de privilégios.
De acordo com os Correios, as exigências dos grevistas põem em total risco a economia que vinha sendo aplicada pela empresa até o momento. De acordo com a diretoria, o cálculo de prejuízo acumulado já soma R$ 2,4 bilhões. Com os cortes em diversos benefícios, vistos como excessivos pelos executivos da companhia, era esperada uma economia de cerca de R$ 800 milhões anuais. Segundo a estatal, esse valor, em três anos, seria suficiente para cobrir o déficit financeiro atual.
A empresa lamenta ainda o contexto da pandemia, e afirma que a explosão do e-commerce – o comércio eletrônico, que depende exclusivamente do serviço de transporte e logística para a entrega de mercadorias, – seria uma forma de “alavancar o negócio em um dos poucos setores com capacidade para crescer neste período.”
Privatização
Segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (Fentect), parte dos trabalhadores decidiu cruzar os braços em protesto contra a proposta de privatização da estatal e pela manutenção de benefícios trabalhistas. Os funcionários pedem também reajustes salariais.
A categoria afirma dentre as medidas promovidas pela diretoria dos Correios, houve um corte de 70 benefícios da classe. Isso inclui itens como vale-alimentação, auxílio-creche e reduções de até 30% no adicional de risco. Houve reclamações de descontos indevidos nos pagamentos, bem como valores maiores a serem pagos no uso dos planos de saúde. Isso acabou prejudicando os funcionários que recebem o piso salarial da categoria, fazendo que a cobertura se tornasse impagável.
Além disso, a Fentect contraria a diretoria dos Correios, ao afirma que, em vez de déficit, a estatal, na verdade dá lucro. A entidade denuncia também uma discrepância elevada entre os salários da diretoria e dos funcionários, com alguns militares nos postos de chefia da estatal chegando a receber salários de até R$ 46 mil, enquanto trabalhadores de carreira ainda recebem R$ 1,7 mil por mês.
Fonte: Canaltech