Entenda como funciona cada uma das vacinas contra a covid-19

Entenda como funciona cada uma das vacinas contra a covid-19

O início da vacinação no Brasil trouxe muitas dúvidas sobre o princípio ativo de cada vacina e suas taxas de imunização e efeitos sobre as pessoas. Até o momento, as únicas vacinas aprovados pela Anvisa foram a CoronaVac e a AstraZeneca/Oxford.


Outras farmacêuticas estão ainda em negociação com o Brasil para fazer a liberação emergencial de seus respectivos imunizantes. Para entender melhor a situação de cada uma, confira abaixo as diferenças e os principais pontos das vacinas:


Butantan/CoronaVac Tecnologia
A vacina de origem chinesa é feita com o vírus inativado: ele é cultivado e multiplicado numa cultura de células e depois inativado por meio de calor ou produto químico. Ou seja, o corpo que recebe a vacina com o vírus — já inativado — começa a gerar os anticorpos necessários no combate da doença. As células que dão início à resposta imune encontram os vírus inativados e os capturam, ativando os linfócitos, células especializadas capazes de combater microrganismos. Os linfócitos produzem anticorpos, que se ligam aos vírus para impedir que eles infectem nossas células.


Eficácia
A eficácia geral da CoronaVac é 50,38%, ou seja, os vacinados têm 50,38% menos risco de adoecer e, caso pegue covid-19, a vacina oferece 100% de eficácia para não adoecer gravemente e 78% para prevenir casos leves.


No Brasil
A vacina foi criada na China pela farmacêutica Sinovac, mas no Brasil, a parceria com transferência de tecnologia foi feita com o Instituto Butantan. Os testes para estudos clínicos com a CoronaVac começaram em julho de 2020 em oitos estados brasileiros. O estudo foi realizado com 13.060 voluntários, todos profissionais da saúde e expostos diariamente à covid-19. A aplicação da vacina começou no dia 17 de janeiro após aprovação emergencial da Anvisa. No momento, a nova remessa da Coronavac depende de insumos enviados da China para que Butantan produza localmente.


Oxford/AstraZeneca/Fiocruz Tecnologia
A vacina produzida pela Universidade de Oxford usa uma tecnologia conhecida como vetor viral não replicante. Por isso, utiliza um “vírus vivo”, como um adenovírus, que não tem capacidade de se replicar no organismo humano ou prejudicar a saúde. Este adenovírus também é modificado por meio de engenharia genética para passar a carregar em si as instruções para a produção de uma proteína característica do coronavírus, conhecida como espícula. Ao entrar nas células, o adenovírus faz com que elas passem a produzir essa proteína e a exibam em sua superfície, o que é detectado pelo sistema imune, que cria formas de combater o coronavírus e cria formas de combater o coronavírus e cria uma resposta protetora contra uma infecção.


Eficácia
A AstraZeneca e a Universidade de Oxford anunciaram dois resultados distintos de eficácia desta vacina —62% quando aplicada em duas doses completas e 90% com meia dose seguida de outra completa. A eficácia média, segundo os cientistas responsáveis, é de 70%.


No Brasil
A vacina foi criada no Reino Unido em uma parceria entre a Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca. No Brasil, houve a transferência de tecnologia para Bio-Manguinhos, a unidade produtora de imunobiológicos da Fiocruz. Voluntários brasileiros também participaram da fase de testes: foram 10 mil pessoas no total em cinco estados
A vacina já começou a ser aplicada no Brasil a partir de um lote enviado pelo laboratório indiano Serum. Para produzir a vacina localmente, a Fiocruz depende da chegada do IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) vindo da China.


Pfizer/BioNTech Tecnologia
A vacina utiliza a tecnologia chamada de mRNA ou RNA-mensageiro, diferente da CoronaVac ou da AstraZenca/Oxford, que utilizam o cultivo do vírus em laboratório. Os imunizantes são criados a partir da replicação de sequências de RNA por meio de engenharia genética, o que torna o processo mais barato e mais rápido. O RNA mensageiro mimetiza a proteína spike, específica do vírus Sars-CoV-2, que o auxilia a invadir as células humanas. Essa “cópia”, no entanto, não é nociva como o vírus, mas é suficiente para desencadear uma reação das células do sistema imunológico, que cria uma defesa robusta no organismo. O imunizante da Pfizer precisa ser estocado a -75ºC.


Eficácia
A farmacêutica Pfizer anunciou hoje que sua vacina contra a covid-19, elaborada em parceria com a empresa alemã BioNTech, é segura e tem 95% de eficácia. Essa é a conclusão final da terceira fase de testes.


No Brasil
A vacina foi testada em 43,5 mil pessoas de seis países e, em setembro, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou que seus testes clínicos fossem ampliados no Brasil, de mil para dois mil testes em voluntários. Os testes foram feitos em São Paulo e Bahia.
Distribuída em diversos países do mundo, a Pfizer Brasil segue negociando um possível acordo com o governo brasileiro para fornecer a vacina contra a covid-19 Moderna Tecnologia.

Moderna
Assim como a da Pfizer, a vacina da Moderna também utiliza a tecnologia de RNA mensageiro, que mimetiza a proteína spike — específica do vírus Sars-CoV-2 — que o auxilia a invadir as células humanas. Porém, essa “cópia” não é nociva como o vírus, mas é suficiente para desencadear uma reação das células do sistema imunológico, que cria uma defesa robusta no organismo. A única diferença para a vacina da Pfizer é que esta necessita de armazenamento de -20ºC.


Eficácia
Um estudo publicado por cientistas independentes no New England Journal of Medicine confirmou que a vacina da Moderna tem eficácia de 94,1% na prevenção da doença.


No Brasil
Diferente das vacinas citadas anteriormente, a Moderna não realizou testes no Brasil. Já aprovada e utilizada na União Europeia, nos Estados Unidos e em outros países, o Brasil segue sem nenhum acordo com a farmacêutica. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que poderá comprar doses da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela empresa norte-americana, mas não abordou detalhes de como o acordo poderia ocorrer.


Sputnik V/Instituto Gamaleya
Tecnologia Assim como a da AstraZeneca, a Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya de Pesquisa da Rússia, é uma vacina de “vetor viral”, ou seja, ela utiliza outros vírus previamente manipulados para que sejam inofensivos para o organismo e, ao mesmo tempo, capazes de induzir uma resposta para combater a covid-19. Uma vez injetados no organismo, eles entram nas células e fazem com que elas passem a produzir e exibir essa proteína em sua superfície. Isso alerta o sistema imunológico, que aciona células de defesa e, desta forma, aprende a combater o Sars-CoV-2.


Eficácia
A vacina tem eficácia de 91,6% contra a covid-19 em suas manifestações sintomáticas, segundo uma análise dos testes clínicos publicada pelo periódico The Lancet e validada por especialistas independentes.


No Brasil
A União Química, responsável pelo imunizante de origem russa no Brasil, tenta protocolar um pedido de uso emergencial da Sputnik V na Anvisa, mas ainda não conseguiu. Segundo a agência, faltam documentos como a autorização para a realização dos testes da fase 3.


Já administrada na Rússia e em outros países, como Argentina e Argélia, Bolsonaro afirmou que o Brasil comprará a vacina caso o imunizante seja aprovado pela Anvisa.

Fonte: Uol Notícias

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