Crítica: Homem-Aranha Longe de Casa traz trama envolvente e ao mesmo tempo intrigante

Crítica: Homem-Aranha Longe de Casa traz trama envolvente e ao mesmo tempo intrigante

“Homem-Aranha: Longe de Casa” é uma continuação cronológica direta de “Vingadores: Ultimato”, mas engana-se quem pensa que o filme se limita apenas aos acontecimentos passados. A nova trama do Aranha até tem elementos e ferramentas do universo Marvel e que fazem relação direta ao icônico Tony Stark (Robert Downey Jr). Entretanto, o filme possui personalidade e caminha com suas próprias pernas, focando em um problema menos global e mais local. Um problema para o amigão da vizinhança resolver.

O primeiro ato do filme é focado em pequenos dramas adolescentes de Peter Parker e seus amigos, que estão participando de uma espécie de tour escolar pela Europa. Os diálogos revelam bastante da intimidade adolescente e atrapalhada do protagonista o que gera cenas muito engraçadas. Uma fórmula já bem conhecida da Marvel.

Neste período da trama Peter se vê confrontado com sua vontade de ser apenas um garoto do colegial, que quer beijar uma menina, com a grande responsabilidade de ainda ser um herói, não importa onde ele esteja. Os diálogos e cenas representam bem essa dualidade e nos faz ter ainda mais empatia pelo dilema de Parker.

Se o enredo se bastasse apenas nessa premissa seria interessante, mas de pouco impacto. Mas quando o segundo ato começa é aí que o filme ganha um ar completamente novo, uma virada que choca os espectadores e deixa o público completamente perplexo com a revelação apresentada.

Arrisco a dizer que, talvez, pela primeira vez em um filme de herói, o público vai se sentir enganado, mas no bom sentido. O enredo consegue magistralmente levar o espectador por um caminho, uma rota já bastante tradicional do gênero, mas aí, quando você menos espera, o filme revela o que realmente está acontecendo, uma revelação chocante e empolgante.

É nesse momento também que a película apresenta sequências de luta eletrizantes. Dá para dizer que este é o melhor filme do Aranha em termos de cenas de combate. O vilão apresentado utiliza de artimanhas antes jamais exploradas, o que resulta em um novo tipo de enfrentamento, tanto para o Homem-Aranha, quanto para o público que assiste a tudo. Constantemente o herói e nós mesmos na sala do cinema somos enganados pelo vilão, um feito que tem total mérito dos roteiristas e da direção de Jon Watts.

O terceiro e último ato do filme também traz cenas de luta espetaculares, com um jogo de câmeras que deixa os movimentos do herói mais plásticos e ainda mais incríveis na telona. Como espectador é possível entender cada passo e atitude do Homem-Aranha em combate, compreendendo toda a dificuldade dele em ultrapassar os obstáculos oferecidos pelo vilão.

Mas muito além de luta, é nesse momento que a trama mostra um amadurecimento bastante visível em Peter Parker, que resulta em um crescimento dele também como Homem Aranha, deixando seus atos de heroísmo com mais peso e relevância na história.

Todo o elenco do filme foi escolhido a dedo, não há o que reclamar. Mas é necessário dar destaque a Jake Gyllenhaal, que interpreta o intrigante personagem “Mysterio”. Ele não só movimenta a história com um carisma bastante envolvente, como também nos apresenta constantes questionamentos, sutis, mas que fazem o público ficar sempre com a “pulga atrás da orelha”.

Tom Holland mais uma vez está ótimo como Peter Parker. O seu jeito atrapalhado e desastrado é muito bem explorado pela atuação de Tom. Ele possui um carisma ímpar que deixa tudo leve e bem-humorado durante toda a trama, mas que também oferece ótimas cargas dramáticas quando o filme insere um tom mais triste e reflexivo.

“Homem-Aranha: Longe de Casa” é sem dúvida um grande acerto do Marvel Studios e que fecha magistralmente o primeiro arco dessa longa saga de mais de 10 anos de filmes de super-heróis. Um título obrigatório para os fãs do cabeça de teia, mas acima de tudo, um filme extremamente gostoso de assistir para quem não é tão fã assim.

OBS: É aconselhado ficar no cinema até a cena pós-créditos, pois, o filme guarda mais uma grande revelação que promete abalar as estruturas do herói para possíveis novos filmes.

Bruno Menezes

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