Foi anunciado pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) nesta quinta-feira (29) que o Instituto Butantã está autorizado para produzir 40 milhões de doses da Coronavac, vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac e que foi desenvolvida em parceria com o instituto brasileiro. Esta era a última avaliação fiscal que precisa ser feita para a liberação da vacina no Brasil.
Há mais de um mês o Instituto Butantã aguardava a avaliação da Anvisa para a liberação da vacina, uma demora que deveria ser apenas de semanas. De acordo com o diretor do instituto, Dimas Covas, o atraso na resposta poderia ter impacto na produção nacional da vacina.
“Desde quando nós iniciamos todo esse processo da vacina, obviamente que cada dia conta. E a nossa previsão era para iniciar a produção da vacina na segunda quinzena de outubro. Esse atraso na emissão dessa autorização pode ter, sim, efeito na produção da vacina. Cada dia que nós aguardamos essa autorização significa um dia a menos de vacina.”
A Anvisa já havia liberado a importação de 6 milhões de doses da Coronavac no dia 23 de outubro, mas apenas hoje confirmou informações complementares para permitir também a importação da matéria-prima necessária para a fabricação de mais unidades, que serão produzidas em solo brasileiro.
De acordo com a Anvisa, o tema foi discutido entre terça e quarta-feira em Circuito Deliberativo, instância de votação on-line dos diretores da Agência. Eles determinaram algumas condições para a importação excepcional, como a obrigação do Butantã em “garantir a adequabilidade do transporte, armazenamento e guarda do produto, se responsabilizando pelas instalações, equipamentos, pessoal, medidas e procedimentos necessários para a contenção, ou seja, para a segurança do meio ambiente e do operador, bem como a integridade dos recipientes usados para armazenar produtos intermediários”.
A Anvisa destacou ainda que a utilização da vacina ficará condicionada à obtenção de seu registro sanitário da agência. “Caso a vacina não obtenha o registro sanitário pleiteado, o Butantã se compromete a destruir o produto, respeitando as normas de destinação de resíduos em vigor”, destacou o órgão, no documento em que autoriza a importação. A Coronavac está na fase 3 de estudos clínicos, a última antes da aprovação. Análises preliminares demonstraram que o imunizante é seguro, mas os resultados de eficácia devem sair somente no fim do ano.
O Instituto Butantã confirmou o recebimento da autorização e disse que o insumo a granel será formulado e envasado no instituto, “que já conta com toda a estrutura necessária para o processamento do imunizante”. O Butantã afirma que, após esta aprovação, continua em tratativas com a Sinovac para a liberação da matéria-prima e posterior envio ao Brasil.
O governador João Doria comemorou a decisão em suas redes sociais. “Agradeço a Anvisa pela aprovação da importação da matéria-prima para a produção nacional da vacina contra a covid-19”, declarou ele, no Twitter. “Desta forma, poderemos produzir a Coronavac aqui em SP, no Instituto Butantã, que há 120 anos presta serviços ao País e produz vacinas para os brasileiros.”
Apreensivos com o imbróglio envolvendo o desenvolvimento das vacinas, governadores vão se reunir com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), na próxima semana, para tratar do assunto. Os chefes dos Executivos estaduais e secretários de Saúde já chegaram a cogitar a possibilidade de se unir em um consórcio para financiar e distribuir a Coronavac. “Nós teremos uma reunião, se não me engano no dia 3”, disse ontem o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), ao falar sobre a necessidade de encontrar uma solução para o assunto. Há expectativas de que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que contraiu covid, também participe da conversa, mas a presença dele não está confirmada.
Fonte: Oliberal