A Aposta: Coluna do Cientista Social – Leandro Lima

A Aposta: Coluna do Cientista Social – Leandro Lima


LEANDRO ALVES LIMA


Agora é oficial, o Presidente Jair Bolsonaro determina que os militares celebrem o movimento de 1964, que depôs o Presidente João Goulart e instaurou o regime militar. Basta que esse tema seja suscitado para que apareçam as polêmicas. A maior delas se ocupa em discutir o conceito daquela ação social, afinal, foi golpe ou revolução? É possível verificar que a resposta varia, de acordo com a corrente que se apresente como mais simpática ao interlocutor. Isto é, se a avaliação é de que o movimento deu bons frutos será chamado de revolução, do contrário receberá a definição de golpe.


Como o período da ditadura militar ficou mais marcado pela truculência e intolerância do que pelos seus avanços, o movimento que o originou comumente recebe a definição de golpe. É inegável, que apesar de todos os questionamentos sobre as desumanidades praticadas durante o regime militar, existe uma boa parcela da sociedade brasileira que defende a “revolução de 1964”, caso contrário, o próprio Bolsonaro não teria sido eleito. Visto que sua plataforma eleitoral buscava resgatar os ideais difundidos pelos militares e disseminá-los. O supremo mandatário da nação não apenas defende a ditadura militar, ele a exalta.


Apesar do culto ao movimento de 1964 ter dividido as opiniões e ter gerado revolta de vários setores da sociedade brasileira, o presidente continua apostando naquela antiga máxima: em time que se ganha não se mexe. A estratégia se apresenta como corajosa, marca registrada de Jair Bolsonaro, porém após quase 90 dias de governo essa sua iniciativa não parece ser eficaz no enfrentamento dos reais desafios. O Presidente deve poupar o seu prestígio, já que deverá gastá-lo ao promover algumas iniciativas impopulares, sobretudo as ligadas à sua vertente econômica. Além disso, é preciso ter uma distinção de como deve se comportar o chefe de estado em detrimento a figura do candidato.   

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