A Polícia Civil do Pará deflagrou nesta quinta-feira (24) uma operação que combate ilegalidades envolvendo sonegação fiscal. Um dos alvos se trata da venda de uma fazenda ao deputado federal Éder Mauro, a qual estaria com o preço subfaturado.
A propriedade, que é avaliada em quase R$ 3 milhões, foi vendida ao deputado por um preço aproximadamente 10 vezes menor do que o valor real. Este fato, levantou a suspeita de sonegação fiscal para a polícia.
Em uma reportagem publicada pelo DOL em novembro de 2020, foi denunciado de que a fazenda pertencia a Cleber Eduardo de Lima Ferreira, preso cinco anos antes na operação “Crashwood”. Ele é suspeito de integrar uma organização criminosa, responsável por fraudar documentos ambientais, o que causou um prejuízo de R$ 400 milhões aos cofres públicos.
Até o momento duas pessoas foram presas, suspeitas de envolvimento direto na sonegação fiscal. A Delegacia Geral da Polícia Civil irá divulgar mais informações em uma coletiva que será realizada ainda hoje.
ENTENDA O CASO
O deputado Éder mauro, do PSD, pouco fala é sobre a estranha aquisição da fazenda Bênção Divinal, no município de Bujaru (a 196 km de Belém), avaliada em R$ 2,8 milhões e que foi comprada por Éder Mauro por apenas R$ 330 mil no dia 29 de julho de 2020.
A fazenda em questão era de propriedade de Cleber Eduardo de Lima Ferreira, preso em julho de 2015 na operação “Crashwood”, realizada em parceria pela Polícia Civil do Pará e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas). A quadrilha é acusada de envolvimento em um esquema que fraudava dados de valores em créditos florestais no Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais (Sisflora). As investigações apontaram um desvio superior a R$ 400 milhões em créditos de produtos florestais e o processo judicial continua em andamento.
Chama atenção a forma ágil como a fazenda sai da posse de Cleber Eduardo e passa a ser de propriedade do deputado Éder Mauro depois de passar pelas mãos de duas pessoas em transações relâmpagos no prazo de pouco mais de seis meses; entre novembro de 2019 e junho de 2020. O mais curioso é que em depoimento no processo que tramita no Tribunal de Justiça do Pará sob o número 0003416-48.2015.8.14.0401, Cleber informa à juíza responsável, Heloisa Helena da Silva Gato, que não possui nenhum bem e que como comprovaria sua declaração de renda só recebia um salário de assessor da Secretaria de Estado de Saúde à época. Ele também confirma que negociava madeira, mas que recebia apenas comissões. Só que além da fazenda, Cleber é proprietário também da empresa Açai 812 Indústria e Comércio Ltda.
Cleber Eduardo de Lima Ferreira também respondeu a processos por estelionato, violência doméstica e emissão de cheques sem fundos, todos arquivados e teve uma empresa de carvão, de sua propriedade, fechada pela Semas em 2010, em Rondon do Pará, por ser uma empresa apenas de fachada.
Fonte: DOL