De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no Pará, os registros de crime de estupro caíram 28% no primeiro semestre deste ano. O levantamento mostra que meninas menores de 14 anos de idade configuram em 70% das vítimas de violência sexual.
As estatísticas mostram um total de 1.311 ocorrências este ano e em muitos casos o criminoso vive dentro de casa, sendo geralmente um parente ou amigo próximo.
A cultura do estupro no Brasil escancara a perversidade dos casos. A jornalista Ana Paula Araújo, da TV Globo, ouviu relatos chocantes pelo país, e acompanhou o drama de meninas, na ilha do Marajó. Os casos viraram um livro que afirma que é preciso investir na educação das crianças para que os meninos cresçam respeitando a vontade da mulher.
Quem foi vítima, vive com o sentimento de culpa.
“Nunca comentei na minha casa porque geralmente eu escuto mulheres comentar e alguém dizer assim: mas o que foi que tu fizeste? Eu sempre tive medo que alguém dissesse que a culpa era minha porque a vida toda eu achei que a culpa era minha”, relata outra vítima.
Mas a culpa é sempre do agressor. Muitas mulheres têm dificuldade para se reconhecer como vítima. A vergonha de ser julgada e o medo das ameaças silenciam mulheres, que não se sentem amparadas para denunciar e pedir ajuda. A subnotificação dos casos mantém criminosos à solta.
Este ano, a Mediã Barbosa, assessora parlamentar, criou um grupo para apoiar vítimas de abuso, depois de acompanhar o caso do maníaco que espancava, violentava e matava mulheres, em Marituba.
Quando essas mulheres recebem proteção e os abusadores são punidos, as vítimas ganham esperança e a possibilidade de refazer a vida. “É muito importante você contar com alguém que não vai apontar o dedo pra você, que não vai dizer que a culpa é sua”, afirma Mediã.
Fonte: G1 Pará