Um levantamento feito pelo portal UOL constatou que mais de 500 candidatos nas eleições deste ano têm patrimônio superior a R$ 1 milhão e mesmo assim ainda receberam o auxílio emergencial ou o Bolsa Família, benefícios estritamente direcionados para pessoas que possuem baixa renda.
A maioria dos candidatos que receberam os benefícios disseram que não solicitaram o valor ou que “tiveram seus dados utilizados indevidamente e nunca receberam tais pagamentos”.
Mas alguns candidatos a prefeito, vice-prefeito ou vereador realmente admitiram que solicitaram e receberam o auxílio emergencial ou o Bolsa Família. É o caso de Kinho Pancotte (PL), candidato a prefeito de Itapuca (RS).
O candidato é agricultor e declarou à Justiça Eleitoral ter mais R$ 8 milhões de bens em seu nome, incluindo três propriedades rurais avaliadas em mais R$ 1 milhão cada uma. Mesmo com esses bens, Pancotte se sentiu no direito de pedir o auxílio emergencial durante a pandemia, e ainda se justificou afirmando “O governo liberou para produtor rural, não é? Eu tive uma quebra de safra grande neste ano. Resolvi pedir”.
De acordo com o Portal da Transparência do governo federal, Pancotte recebeu R$ 1.800 em auxílios emergenciais entre maio e agosto. Em setembro, porém, Kinho resolveu devolver o montante recebido ao governo. “Gerei um boleto e fiz a devolução”, afirmou, mostrando o comprovante da transação
Milionários ‘no papel’ alegam precisar do benefício. Há candidatos que, mesmo possuindo mais de R$ 1 milhão em bens, dizem necessitar do auxílio emergencial do governo. Dra. Verbena da Paz (PRTB), candidata a prefeita de Anapu (PA), por exemplo, declarou ter R$ 1,2 milhão em seu nome e recebeu R$ 2.400 em benefícios do governo, de abril a agosto. Procurada, ela explicou que sua declaração de bens não reflete a realidade do seu patrimônio e disse precisar do auxílio. “Uma fazenda deixada de herança para quatro irmãos está em meu nome. Mas eu mesmo não tenho este patrimônio todo”, contou. “Sou advogada e meus processos pararam. Não entrou nenhum recurso para mim. Preciso do auxílio”.
Sobre o auxílio emergencial, o ministério da Cidadania afirma em nota que tem atuado junto à Caixa para identificar fraudes e junto a Polícia Federal e Ministério Público Federal para garantir a penalização de crimes.
Fonte: Uol